Chantal Mouffe

Um livrinho fácil de ler, mas que soa sempre mais superficial do que eu gostaria e como que escrito às pressas. A introdução de Jean Tiblé não ajuda, fazendo o estilo da introdução-contra, que geralmente só funciona quando se trata de escritos mais estabelecidos e profusos. Não é exatamente uma crítica a um livro que já tem uma preocupação com acessibilidade, o que se espera numa obra assim. Mas sobre o conteúdo: sim, é importante pensar o populismo, qual seja, a estratégia (macro) política que envolve a construção ativa do povo, como noção e como conjunto social. Que isso pressupõe antagonismos sociais (excluídos vs statos quo) e um fundo no qual esses são desenhados (hegemonia), este último abrindo espaço para desestabilizações e lutas contra-hegemônicas, visando eventualmente estabelecer uma nova hegemonia (democrática radical contra a atual neoliberal, no caso do populismo de esquerda).

Pensando, não sei se estamos num interregnum, oportunidade em que a pós-democracia do esvaziamento dos antagonismos políticos abriria espaço para a construção de uma hegemonia que possa ser democraticamente agonística (e não antagonista, de oposição à oligarquia atual) e tornar o "nós" e o coletivo um valor que se impõe afetivamente sobre o individualismo consumista. Tampouco sei se os surtos democráticos atuais, ligados à explosões das causas minoritárias não acabam sendo absorvidos tais como aqueles das décadas de 60.

Sobre a edição. Por mais que eu fique animado com o fato da editora ser nova e a o livro ser bonito, além de trazer um livro recente comentado por aí (que eu não tenha gostado é incidental), devo dizer que a revisão dessa versão (2020) está bastante ruim, com mais de uma ocorrência de linhas repetidas. Há também uma questão menor de o texto das abas estar num tipo ilegível.… (altro)

From the theory of 'deliberative democracy' to the politics of the 'third way', the present Zeitgeist is characterized by attempts to deny what Chantal Mouffe contends is the inherently conflictual nature of democratic politics. Far from being signs of progress, such ideas constitute a serious threat to democratic institutions. Taking issue with John Rawls and J rgen Habermas on one side, and the political tenets of Blair, Clinton and Schr der on the other, Mouffe brings to the fore the paradoxical nature of modern liberal democracy in which the category of the 'adversary' plays a central role. She draws on the work of Wittgenstein, Derrida, and the provocative theses of Carl Schmitt, to propose a new understanding of democracy which acknowledges the ineradicability of antagonism in its workings.… (altro)

Hegemonía y estrategia socialista es una obra que, desde su primera edición en 1985, se convirtió en una referencia ineludible de las ciencias sociales y ha estado en el centro de diversas discusiones teóricas. En ella, Ernesto Laclau y Chantal Mouffe abordan la crisis del marxismo a través de una crítica a su esencialismo filosófico y a su concepto de sujeto unitario y fundante.
A partir del legado de Gramsci y nutridos en gran medida por el postestructuralismo –en especial la deconstrucción y la teoría lacaniana–, examinan la hegemonía como una categoría central del análisis político y estudian su formulación y su desarrollo. El mundo globalizado y neoliberal, explorado mediante esta categoría, deja de ser el único natural y posible, y se presenta como la expresión de cierta configuración de las relaciones de poder.
En este sentido, los autores sostienen: "La izquierda debe comenzar a elaborar una alternativa creíble frente al orden neoliberal, en lugar de tratar simplemente de administrar a este último de un modo más humano. Esto, desde luego, requiere trazar nuevas fronteras políticas y reconocer que no puede haber política radical sin la identificación de un adversario. Es decir que lo que se requiere es la aceptación del carácter inerradicable del antagonismo".
Es precisamente en esa noción de antagonismo social donde fundan su proyecto socialista: una democracia radical y plural capaz de articular las múltiples luchas contra las distintas formas de subordinación que se libran en los países capitalistas centrales y periféricos.… (altro)