Julio Emilio Braz

Em "Crianças na escuridão", o premiado escritor Júlio Emílio Braz denuncia, sem qualquer sutileza, a realidade nua e crua de muitas crianças e jovens carentes que sobrevivem nas grandes cidades brasileiras. O livro conta a história de Rolinha, uma menina que aos 6 anos é abandonada pela mãe e se vê sozinha diante de um mundo escuro e assustador. Nas ruas, em meio a olhares hostis ou indiferentes, ela conhece Doca, uma garota um pouco mais velha que a acolhe no barraco que divide com outras meninas nos arredores da Praça da Sé, em São Paulo. Acompanhamos o dia a dia do grupo e todas as mazelas comuns da vida nas ruas: morte prematura de colegas, prostituição infantil, abuso sexual, fome, drogas, roubos, violência policial... Se o jeito delas é de criança, a infância já não faz morada ali. Compreendemos, pouco a pouco, o processo de amadurecimento forçado de Rolinha, no qual a ingenuidade dá lugar à desesperança. Uma obra dolorosa, que choca, mas também emociona e faz pensar.… (altro)

Gostei muito do desenvolvimento de personagem do garoto consumista, suas diferenças iniciais e as inevitáveis intrigas com seus parentes, sendo alguns mais queridos que outros, alguns com vidas mais sofridas, uns mais presos no passado e em tradições que outros e o modo como caipiras e um moleque de cidade grande podem se entender e mostrar valor no tipo de vida que cada um leva. Adorei o jeito como ele e seus dois outros primos se entenderam, o livro seria muito mais interessante se fosse maior pra explorar melhor o tanto de tempo que ele passou lá e as pessoas diferentes que interagiu com, mas por ser um livro menor obviamente não houve tempo pra isso, o que é uma pena.
Em um certo ponto da história ele mesmo percebe (ao conversar com sua tia e ela o questionar sobre marcas e a necessidade que ele tinha de falar sobre elas ao introduzir uma peça que tem,) que ele se importa muito com marcas sendo que algumas delas só carregam o nome e não a qualidade, mas como é algo de status e que todo mundo em volta dele faz, ele continua dizendo as marcas de roupa e as comprando sem nem mesmo ter um motivo além de aquele item "estar na moda". Um bônus pra mim foi no final, que ele promete ajudar com o meio ambiente de forma silenciosa sem chamar muita atenção ao contrário de seu pai; uma mensagem apreciada mas que apareceu muito inesperadamente já que ele não demonstrava muita atenção para isso, foi como se eu tivesse me distraído do tema num trabalho e nas linhas finais tivesse que incluir algo sobre pra não perder ponto, exceto que, nesse livro não tinha essa preocupação desde o começo, já que o tema era sobre um garoto consumista indo pra roça, porém, apesar de repentino e meio fora da estrada do livro, não foi algo ruim. Algo ruim mesmo foi o conceito de ele gostar de uma prima dele no meio do livro e todos em sua volta dizendo que com "primo é complicado namorar", achei de extremo mal gosto e fora de caráter ele continuar a aproximação, um plot ai que poderia muito bem ser colocado pra fora do livro, mesmo que não tivesse acontecido nada, continuava a ser nojenta a possibilidade de ele ficar com sua prima, algo que só serviu pra criar conflito com um outro primo dele (que aliás estava certíssimo e eu faria o mesmo de brigar com ele por causa disso, tanto gente no mundo e você quer ficar com a sua prima? ah tenha santa paciência né, eu estouraria a cara dele também). Na verdade nem precisava de muito motivo pra esse primo pegar no pé dele, já que algumas pessoas gostam mesmo de implicar sem muita razão. Mais tarde o garoto encontrou uma vizinha bonita na roça e largou o pensamento de querer ficar com sua prima (eu eim). Esse plot da prima poderia facilmente ser substituído pelo dia a dia dele na roça se reajustando e aprendendo a fazer coisas novas, uma das melhores coisas em ter parente no sítio é a comida e a aproximação natural que todo mundo ali tem, como é fácil saber o que acontece com as pessoas ao redor e como a comida é boa!! Leite quente de vaca espumando com um cafezinho da vó, bolo, macarrão, churrasco, carne de porco, docinhos... aprender a andar de cavalo, ir buscar alguma coisa na cidade vizinha e descobrir que ainda se tem o sistema de troca em lugares rurais e como todos se ajudam sem querer nada em troca já que todos cuidam uns dos outros, subir em árvore, sair explorando a mata com os primos... porém só teve esse último evento no livro, só teve um evento que realmente foi relacionado ao lugar em que estava, adoraria se o livro fosse maior para que pudesse falar mais sobre onde e como passou essas semanas, deixaria também muito mais visíveis as diferenças entre ele e seus primos, alguns deles iriam ajudá-lo com as diferentes tarefas no lugar e outros iriam tirar sarro, naturalmente.
Incrível como seu primo e tio que nem o conhecem direito o defendem dos outros e tem mais maturidade que seu próprio pai, que liga mais pra natureza que seu próprio filho, se bem que nem a sua mãe ligava muito pra ele, e nem o namorado recente dela, o tal do Arobaldo.
No final do livro o garoto consumista não para de ser consumista e de comprar o que lhe agrada, porém ele tem mais consciência sobre o que compra ou não, deixando de levar tudo o que vê a frente e faz uma promessa com o meio ambiente de ser uma pessoa um pouco mais decente.… (altro)