Conheça as redes de interesses e o que fez do golpe de 2016 uma das manobras políticas mais torpes da história do Brasil. Maio de 2016 ficará marcado na história do Brasil como o momento em que a hegemonia política e ideológica iniciada no primeiro governo Lula se viu sitiada por um aparelho jurídico, policial e midiático sem precedentes. O objetivo, entretanto, não era diferente daquele que deu origem a todos os outros golpes cometidos no passado nacional: atender aos interesses políticos e financeiros da elite do dinheiro. Isso é o que defende o sociólogo Jessé Souza em A radiografia do golpe. Por meio de um exame crítico, ele descreve a trama do golpe e analisa os caminhos tortuosos que trouxeram o país a um cenário de turbulência política e econômica, deixando claros os mecanismos que permitiram às elites manipular a população em benefício próprio.

A Semântica do Golpe
Jessé Souza expõe as razões pelas quais entende não ser legítimo o processo que culminou no impeachment da Presidenta Dilma. O diagnóstico que apresenta parte do pressuposto de que a sociedade brasileira, "patologicamente desigual e perversa", legitima-se a partir do "trabalho das 'vacas sagradas' que forjaram o pensamento social e político brasileiro". A referência alcança a reflexão levada a efeito, dentre outros, por Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Holanda e foi melhor desenvolvida no livro intitulado "A Tolice da Inteligência Brasileira: Ou como o país se deixa manipular pela elite". A análise que faz põe em destaque a ação, que entende concertada, da elite financeira nacional, dos políticos e da mídia por ela financiados e dos "justiceiros" de ocasião (integrantes do aparato jurídico policial do Estado), todos unidos contra a corrupção do Estado, mais especificamente dos integrantes do Partido dos Trabalhadores. Nesse quadro, o processo que culminou no impeachment da Presidenta Dilma é apresentado como o resultado desta ação concertada. ( )