Diferente de qualquer expectativa, este não é um livro sobre drogas ou hedonismo de pop-star.

Este livro é uma surpresa, pois na primeira parte, referente à infância de Lobão, temos uma reconstrução detalhada de um Rio de Janeiro que não existe mais. É possível fazer um passeio virtual pelo Velho Estado da Guanabara em uma narrativa linear e afetiva.

Curiosamente na segunda parte do livro, quando Lobão entra na sua primeira banda (Vímana) e tem suas primeiras experiências com drogas, a narrativa fica anfetamínica, com memórias e descrições se entrelaçando e se repetindo, mas sem nunca deixar de ser interessante ou lisergicamente magnética.

O mais curioso achado deste livro é descobrir que Lobão é praticamente um Forrest Gump Carioca, pois ele participou como protagonista ou coadjuvante de momentos chave da cultura pop brasileira e conheceu um sem fim de celebridades e cult heroes da música, cinema, moda ou qualquer corrente influente dos últimos 30 anos. Julio Barroso, Cazuza, Blitz, Alice Pink Pank, Cristiane Torloni, Monique Evans, Alcione, Beth Carvalho, Elza Soares, Claudia Magno, Nelson Gonçalves... só para citar alguns personagens.

Me interessei por este livro por conta de algumas passagens da vida de Lobão: Sua prisão, o fiasco do Rock in Rio e a fundação da Revista Outracoisa, três momentos muito bem detalhados.

Um ponto ao mesmo tempo alto e baixo são as passagens "Lobão na Mídia" que se trata de clippings que ao mesmo tempo em que mostra como o Grande Lobo frequentou a Mídia, deixa a narrativa meio truncada.

Na súmula, ótima leitura. ( )