Graciliano RamosRecensioni

Um dos romances mais magistrais da literatura brasileira, com mais de 60 pinturas inéditas da artista Adriana Coppio e textos de Djavan, Silviano Santiago e Stephanie Borges. Quanta dor cabe nos olhos de um homem? Fabiano, cabra mais bicho que gente, percorre o sertão nordestino no queimar da terra e no arder da alma. As pernas finas da esposa vagam a cair de fome, e os filhos molham a terra com suas lágrimas. Filhos sem nome, sem paradeiro, que dos pais herdam apenas a sina e a miséria. De costelas à mostra e língua de fora, é a cachorra Baleia quem zela pelo bando – e é diante dela que cada um se depara com a própria humanidade em meio a essa busca pela sobrevivência. Livro que inspirou um dos mais icônicos quadros de Portinari e uma obra clássica homônima do cinema brasileiro dirigida por Nelson Pereira dos Santos, Vidas secas ocupa espaço privilegiado na literatura nacional. O vaqueiro criado por Graciliano Ramos é um retrato encarnado não só da seca, mas também das tantas dimensões de um Brasil profundo, de suas injustiças, exploração, da falta de instrução e dos sonhos dos que ali sobrevivem. Para quem cresceu no sertão, Fabiano, sinha Vitória, o menino mais velho e o menino mais novo se confundem com parentes. A edição da Antofágica conta com mais de 60 pinturas de Adriana Coppio e uma carta a Graciliano Ramos assinada por Djavan como texto de apresentação. O premiado crítico e escritor Silviano Santiago traça um panorama das principais obras do autor, entre as quais Vidas secas figura em destaque, e Stephanie Borges, poeta e tradutora, tece um ensaio caudaloso em meio a tanta aridez. Wander Melo Miranda, grande especialista no autor, assina um posfácio e as notas.O QR Code na cinta direciona a duas videoaulas disponíveis no YouTube com Rafael Julião, doutor em Literatura brasileira pela UFRJ.

Um dos exemplares está em EstSalaE8

Esta é a obra prima do autor. É incrível como ele desconstrói a natureza humana. As personagens são de uma incrível simplicidade. Contudo o autor descreve suas angústias de cada dia de uma forma psicanalítica. Talvez seja a maior obra literária brasileira.

Edição comemorativa dos 70 anos, com fotografias de Evandro Teixeira.

Reúne os livros originalmente publicados em separado: Alexandre e Outros Heróis, A terra dos meninos pelados, Pequena História da República.

Obra póstuma

Edição possui bibliografia da crítica sobre Graciliano Ramos, no final do volume.

Edição comemorativa de 75 anos da primeira edição.

Esta edição conta com o texto crítico de João Luís Lafetá, "O mundo à revelia".

Esta edição é aberta com o texto antológico de Antonio Candido, "Ficção e Confissão", em que ele canoniza a leitura na qual a obra de Graciliano Ramos possui tom confessional, tom de confidência.

Edição comemorativa de 80 anos da publicação. Com fortuna crítica e bibliografia.

“Vidas Secas“, romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca.

Lançado originalmente em 1936 e apresentado aqui em novo projeto gráfico, Angústia tem como protagonista Luís Silva, funcionário público de Maceió que leva uma vida medíocre e sem grandes emoções até o dia em que se apaixona por Marina. De início, a jovem demonstra certo interesse no relacionamento e no conforto material que o casamento poderia lhe proporcionar, mas logo acaba trocando o noivo por Julião Tavares, mais rico e poderoso. Tomado por ciúmes e rancor, Silva fica perturbado com os acontecimentos que se desenrolam e passa a acompanhar a vida de Marina enquanto sonha em matar Julião.

Lançado originalmente em 1938, Vidas secas retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. O pai, Fabiano, caminha pela paisagem árida da caatinga do Nordeste brasileiro com a sua mulher, Sinha Vitória, e os dois filhos, que não têm nome, sendo chamados apenas de “filho mais velho” e “filho mais novo”. São também acompanhados pela cachorrinha da família, Baleia, cujo nome é irônico, pois a falta de comida a fez muito magra.Vidas secas pertence à segunda fase modernista da literatura brasileira, conhecida como “regionalista” ou “romance de 30”. Denuncia fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão nordestino. É o romance em que Graciliano alcança o máximo da expressão que vinha buscando em sua prosa: o que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro.

Graciliano Ramos schildert Momentaufnahmen aus dem Leben des Viehhirten Fabiano und seiner Familie. Der Leser gewinnt Einblicke in die Armut, die kleinen Vergnügungen und großen Enttäuschungen des brasilianischen Landlebens, Fabiano selbst sieht sich als gedemütigtes Arbeitstier in einem immer wiederkehrenden Kreislauf zwischen bitterster Armut und enttäuschter Hoffnung. Zentrales Motiv ist auch die Unfähigkeit der armen Massen, sich gegen Unrecht zu Wehr zu setzen, teils durch angeborene Hörigkeit, teils, weil ihnen schlicht die richtigen Worte fehlen.

Leider überzeugt das Buch vom literarischen Standpunkt nicht: Zwar ist die schlichte Sprache zum geschilderten Milieu passend, doch die einzelnen Szenen wirken gekünstelt. Betroffenheit keimt kaum auf, eher sorgen verwirrende Handlungssprünge gepaart mit geistlosen Passagen für ein Gefühl der Langeweile.

A obra consiste na história de Paulo Honório, um homem simples mas ambicioso que acaba por se transformar num grande fazendeiro do sertão de Alagoas. Casa-se com Madalena para conseguir um herdeiro. Incapaz de entender a forma humanitária pela qual a mulher vê o mundo, ele tenta anulá-la com seu autoritarismo.½

"Vidas Secas" é um clássico. da realidade e da crueza, a história acontece nos anos 1930s. Os igrantes analfabetos Fabiano e sua companheira Sinhá Vitória, seus dois filhos e sua cadela Baleia vagueiam pelo Nordeste brasileiro, lutando pela sobrevivência. São contratados por um fazendeiro em condição de escravidão para cuidar do gado.½

Angústia é o substantivo que define a vida de Luís da Silva. Funcionário público, vive de aluguel, tem uma empregada e reclama diariamente da vida. Na verdade reclama de tudo. Ele não vê alegria em nada do que faz, é um tipo que prenuncia o Roquentin de La Nausée, de Sartre, e as personagens de Michelangelo Antonioni. Empurra a vida e vive por viver sua angústia existencial. Apesar de inteligente, sempre acha ruim de não ter nada e não ter conquistado nada. Tem fobia de ratos. Nunca se o vê lutando para ou por alguma coisa. O autor, em intensidade dramática, supera aqui até Vidas Secas e São Bernardo.½

Que desespero. Ontem, como hoje, a mesma miséria de um viver sem propósito.

This is one of my high school must read that I enjoyed the most. Although the place where this story takes place might be odd and different for you, the feelings are very well known to all human kind...

Confesso só ter empatizado com o povo todo depois do capítulo da Baleia, a cachorrinha que passa esta secura de vida com a família e parece mais gente do que eles. É triste, toca na falta de conhecimento o tempo todo e nas implicações disto no cotidiano do casal. Muito do que damos por garantido faltando, levando a pensar na quantidade de supérfluos que temos. Escrita seca como as vidas.

A tentativa de repoduzir os estados mentais do protagonista acaba por reduzi-lo a algo próximo da animalidade.

Que desespero. Ontem, como hoje, a mesma miséria de um viver sem propósito.

If Graciliano Ramos' intention was to convey the reason that "....to the city from the backland would come ever more and more of its sons, a never-ending stream of strong, strapping brutes....", then he was absolutely successful! Painting the backland family headed by Fabiano and Vitoria, along with their two boys, the reader cannot help but feel despair and an intense desire for change from the drought-ridden, hard-scrabble existence of this family. Simple people, depicted essentially as beasts of burden who are following their basest instinct for survival, this family tries tirelessly to survive and get ahead. Unfortunately, Mother Nature and the wealthy, smarter locals conspire to make it almost impossible. Yes, it is a dark, barren story. Yes, it is deceptively simple. Yes, it is profound.

Even in translation, never did a book have a more fitting title than [Barren Lives]. This is the story of a family considered to be of less consequence than the cattle they herd.

Living in the interior of north eastern Brazil, the family is entirely dependent on others for a living. Uneducated, landless, illiterate, their plight was a common one in the 1930s when Ramos wrote this novel. In fact, it was so prevalent that a whole school of writing developed around it, driven by authors with strong social consciences.

This particular family is in transit. Drought has ruined the ranch where Fabiano once worked. Now he and his wife Vitoria, along with their two sons and a dog, are walking who knows where, looking for another ranch that will offer work. There was a parrot too, but they ate it the day before, for food and water are in short supply.

Told in an episodic fashion akin to a succession of related short stories, we get a composite picture of the family from the individual perspectives of each member, including the dog. Eventually the family came upon an abandoned ranch and took shelter there. Shortly thereafter, the owner returned and hired Fabiano as his herdsman. Things should improve for the family, but life is so marginal they are unable to move beyond their immediate concerns.

Although Fabiano received a quota of calves and kids at year end, he lacked the foresight to have grown feed for them and had to sell them back to the rancher one by one. Vitoria would work out how much money was due to him at the annual reckoning by moving seeds around on the ground, but unable to calculate interest and unfamiliar with taxes, she was never right. Fabiano always took home less than anticipated; each year reminded him anew that his fate was to always be a peasant.

Couldn't they see he was a man of flesh and blood? It was his duty to work for others, naturally. He knew his place. That was all right. He was born to this lot; it was nobody's fault that it was a hard one. What could he do? Could he change fate? If anyone were to tell him it was possible to better one's lot, he would be amazed. He had come into the world to break untamed horses, cure cattle ailments by prayer, and fix fences from winter to summer. It was fate...He accepted the situation; he did not ask for more. If they only gave him what was coming to him it was all right. But they didn't. He was a poor devil; like a dog, all he got was bones. Why then did rich people go and take part of the bones?

Vitoria had one dream in life: to own a real bed. She had seen one once in a village where they used to live, but she and Fabiano slept on tree branches with a big knot in the middle. Vitoria's thoughts included God and the Virgin Mary, but her faith was instinctive and unexamined, offering no real solace. Life did not allow time for reflection and extended thought processes.

The two boys are not even named, a reflection of the very basic level at which they lived. Playing naked in the mud each day, they are known only as the older boy and the younger boy. Occasionally Fabiano would try to teach them something, but frustration at his inability to explain and the boys' lack of comprehension would soon lead him to give up in anger.

This lack of language was striking. Ramos skilfully incorporates it into the tale. The parrot heard so little speech it could only mimic cattle sounds. Fabiano was constantly frustrated by his inability to express what he felt. Even the boys felt it. One day the family had gone into the local market town for a feast day. The boys were struck by this new world:

Looking at the stores, the stands, and the auction table, they conferred together in amazement. They had accepted the fact that there were a lot of people in the world, and now they busied themselves with the discovery of a huge number of things. They discussed in a whisper the surprises with which they were filled. It was impossible to imagine so many wonderful things all at one time. The younger boy timidly expressed a doubt to his brother: Could all that have been made by people? The older boy hesitated. He looked at the stores, the stands with their lights and the girls in their pretty dresses. He shrugged his shoulders. Perhaps it all had been made by people. Then a new problem presented itself to his mind and he whispered it in his brother's ear: In all probability those things had names. The younger boy looked at him questioningly. Yes, surely all the precious things exhibited on the altars and on the shelves in the stores had names.

They began to discuss the perplexing question. How could men keep so many words in their heads? It was impossible; no one could have so vast a store of knowledge.

Lacking words, the boys are not far removed from the animals they resemble. Thought is almost impossible if there are no means to formulate it. This terrible deficit is underscored by the dog. Although nameless, she is a sentient being with her own chapter, placing her on the same level as the humans in her family, and making her fate all the worse. Perhaps the only thing that keeps the five going is the shared basic animal instinct for survival. A very powerful book.