Mau, muito mau. Texto de um autor profundamente anti-religioso e antijudaico. Concordando com grande parte das conclusões, não posso concordar com a via utilizada para lá chegar. Não posso concordar com o recurso a falsidades, a meias-verdade, deturpações e especulações sem qualquer base factual ou científica.
Não entendo a tónica posta na demonstração da inexistência do Jesus dos Evangelhos como fundamento para desacreditar todo o edifício religioso. Hoje, apenas as seitas mais integristas defendem a verdade histórica dos Evangelhos. Os cristianismos moderados sabem que o Cristo dos Evangelhos é uma criação sobre criações anteriores tendo por base um núcleo indeterminado que poderá ser o Jesus histórico.
O autor ignora ou parece ignorar que todos os documentos históricos podem ter sido alvo de deturpação e que devem ser usados com precaução e ciência pelo historiador. O autor nunca ouviu falar de heurística nem de hermenêutica nem de metodologia ou teoria da história. Por isso comete a grande barbaridade de dizer que Tácito nem tem valor histórico. Erro! Tácito é fundamental para o nosso conhecimento da primeira dinastia imperial de Roma.
O autor vai buscar elementos a outras religiões e utiliza-os em função dos seus objectivos, sem ter em linha de conta a herança cultural indo-europeia que esteve na origem de muitas das semelhanças verificadas.
Este livro é perigoso não pelas conclusões, mas pêlos numerosos erros e falsificações a que recorre para chegar até elas. E não era preciso, o edifício da doutrina cristã tem demasiadas vulnerabilidades para ser necessário recurso a tais medidas. Perante tantos erros e falsificações, depressa desisti de os comentar a todos e passei apenas a comentar os mais gravosos. ( )