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R. Murray Schafer (1933–2021)

Autore di Il paesaggio sonoro

36 opere 432 membri 3 recensioni

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Opere di R. Murray Schafer

Il paesaggio sonoro (1985) 226 copie
The Tuning of the World (1977) 68 copie
Ear Cleaning (1967) 12 copie
Ezra Pound and Music: The Complete Criticism (1977) — A cura di — 12 copie
E.T.A.Hoffmann and Music (1975) 3 copie
...When Words Sing. (1970) 3 copie

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Informazioni generali

Nome canonico
Schafer, R. Murray
Nome legale
Schafer, Raymond Murray
Data di nascita
1933-07-18
Data di morte
2021-08-14
Sesso
male
Nazionalità
Canada
Attività lavorative
Composer
Organizzazioni
American Academy of Arts and Letters (Honorary member, 2015)
Premi e riconoscimenti
Molson Prize (1993)

Utenti

Recensioni

A Afinação do Mundo — 4.0*
A Paisagem Sonora (na Literatura) / The Soundscape in Fiction.


Se não fosse por uma descompromissada leitura inspecional, não teria concluído este livro. Não sou músico, captador sonoro, nem nada parecido, e meus gêneros musicais prediletos são ou barulhentos e ruidosos, ou distrativos, ambos problematizados (de maneira muito inteligente) pelo Schafer. O que eu gosto, no entanto, é de literatura — e de literatura e erudição, surpreendentemente, este livro é abundante; Schafer passa pelos primeiros registros literários sumérios, pelos chineses, pelos gregos e romanos, pela idade média, chegando até aos clássicos modernos, observando como diversos autores de diferentes tempos se relacionavam com o som ambiente e com a paisagem sonora circundante.

Observamos testemunhos auditivos feitos por grandes escritores ao longo de gerações, sempre se apoiando nos trechos dos próprios e auxiliados por toda bagagem e conhecimento do Schafer acerca da paisagem sonora, termo cunhado por esse canadense; ele lê conosco “as elaboradas descrições auditivas” da Bíblia e das Mil e uma Noites, e nos mostra como são perceptíveis e indicativos, nesses relatos, o fato desses antigos povos possuírem uma competência ''sonológica'' melhor desenvolvidas que a nossa. E de que maneira (e por quais fatores) a nossa percepção sonora se dteriorou e está se deteriorando.

"É possível medir as mudanças históricas na paisagem sonora mundial, bem como as relações sociais que elas implicaram. Então podemos aprender, por exemplo, que Virgílio, Cicero e Lucrécio não gostavam do som da serra, que era relativamente novo em seu tempo Ce 70 a. C), mas que ninguém se queixava do barulho da fábrica até cerca de cem anos após à erupção da Revolução Industrial (Dickens, Zola)."


É sabido que na ficção não precisamos imitar a realidade, mas a questão da paisagem sonora quando se quer ficcionalizar outros tempos, me parece muitíssimo interessante, e aqui não faltam exemplos: temos trechos "narrativos" dos mais diversos ambientes, desde as praias das Eclógas de Virgilio até a era moderna das máquinas.

interiorizar um som e depois exteriorizá-lo, da maneira que soe mais representativa, me parece bonito, de certa forma; principalmente quando se trata de sons da infância, talvez até extintos, que só na ponta do lápis perdurarão. Ou mesmo som imaginativos, afinal, até para eles, é preciso ter um referencial. Há um trecho muito bom, mas muito longo para colocar aqui, da descrição minuciosa do som de um terremoto; é preciso saber ouvir, e também, saber expressar.

Ele (o Schafer) apresenta algumas formas e até exercícios — voltados para os músicos, mas… — que também podem ser uteis à todas as pessoas. E, até, foca-se mais atentamente nos escritores numa breve seção de um dos capítulos finais, sobre alguns sons que acompanham o corpo: muitos instrumentos musicais ou mesmo ferramentas de trabalho se adéquam a respiração e aos batimentos, e através da sua leitura de Proust e Virgilio, diz: “Surpreendo-me com o fato de os críticos literários não terem desenvolvido (ainda) a relação entre respiração e escrita.”

"A correspondência entre a respiração e o movimento das ondas foi percebida por Virgílio, Em suas Eclógas, ele nos fala de que modo os argonautas procuravam um jovem perdido, “até que a própria longa praia chamasse Hylas e novamente Hylas”. A cada grito uma respiração. A cada onda um grito, Perfeita sincronia."


O escopo do livro é grande, e o desbravar do Schafer contra o ruído, que mostra ser um problema sério e, quase paradoxalmente, ‘silencioso’, no sentido de desapercebermo-lo, é louvável. Você pode ler esse livro para diversos fins, e se ater aos capítulos que mais lhe interessarem; vou passar por alto em apenas alguns desses pontos, que ficaram na minha memória:

— Há a questão do silêncio ao longo do tempo; em outros tempos e culturas, era buscado, hoje, no homem moderno, é temido:

Temendo a morte como ninguém antes dele a temera, o homem moderno evita o silêncio para nutrir sua fantasia de vida eterna, Na sociedade ocidental, o silêncio é uma coisa negativa, um vácuo. O silêncio, para o homem ocidental, equivale à interrupção da comunicação. Se alguém não vem nada para dizer, o outro falará, Daí a garrulice da vida moderna, que se estende à toda sorte de algaravia.

— O arquiteto moderno está fazendo projetos para os surdos. (esquecem do ruído; esquecem do ambiente sonoro; esquecem da paisagem sonora; que nos tempos antigos, era levado em conta)

— A única lei anti-ruído que funcionou até hoje foi a posta em voga pelos deuses sumérios: “apresentava-se na forma de punição divina, Na Epopéia de Gilgamesh lemos: ‘‘Naqueles dias o mundo proliferou, as pessoas se multiplicaram (...) e o grande deus se ergueu com o clamor. Enlil ouviu o clamor e disse aos deuses no Conselho: “O ruído da espécie humana é intolerável e é impossivel dormir por causa da babel”, Então, os deuses soltaram o dilúvio.

— Os sons ameaçados de extinção deveriam ser registrados de modo especial e gravados antes de seu desaparecimento: “Todos temos uma lista semelhante à essa. Ouvimos retroativamente, à la recherche du temps perdu [em busca do tempo perdido], e notamos quantos desapareceram sem que percebesse-mos. Onde? Onde estão os museus de sons desaparecidos? Mesmo os sons mais comuns serão lembrados com afeto depois de desaparecerem. ”

— Na atual paisagem lo-fi a razão de sinal/ruído um por um, onde sons não mais se propagam e tornam-se indistinguivéis; diferente dos antigos ambientes hi-fi, como a pequena cidade de Goethe, onde um único guarda se fazia ouvir por toda população, bastando erguer a voz.

— Símbolos e marcos sonoros; os sons da vida; a floresta e a voz das árvores; o vento e o mar como evocativos de ilusões auditivas; as transformações da água e as vozes do mar; passando sempre por: Homero e Hesiodo, até os Edas Escandinavos e escritores modernos canonizados, como Ezra Pound, Mann, Herman Hesse, e muitos outros…
… (altro)
 
Segnalato
RolandoSMedeiros | Aug 1, 2023 |
1-8. Letters from Mignon
9. Thunder: Perfect Mind
10-23. Minnelieder
 
Segnalato
JohnBoudler | Nov 5, 2013 |

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